segunda-feira, 17 de maio de 2010

Os Tempos Modernos na Educação

Desculpa de analfabeto é a visão deficiente. Já lhes contei que durante o curso primário eu era um dos que mais apanhava na sala de aulas.

Naquele tempo eu não sabia porque a professora descarregava em mim as frustrações daquela sua ânsia de alfabetizar a molecada.

Eu me lembro que ao copiar errado uma frase escrita na lousa, recebi um croque tão forte no cocuruto que as lágrimas brotaram inesperadas dos meus olhos.

Depois do coque a professora disse em alto e bom som para que todos da classe ouvissem:

- Seu burro, vê se aprende pelo menos a escrever o seu nome!

Quando nós não recebíamos pancadas dadas com as mãos, suportávamos o espancamento feito com uma vara de bambu, daquelas que o vizinho usava pra pescar mandis e cascudos no rio Piracicaba.

Mas mesmo assim, apanhando muito, aprendemos a ler e a escrever. Por isso, salvo motivo de força maior, não tomamos os ônibus que conduzem aos lugares que não desejamos ir.

O analfabeto, além de botar a culpa na vista ruim, justifica sua deficiência com a alegação de que tinha de trabalhar quando criança e por isso, não pôde estudar.

O ignorante pensa de forma diferente do instruído. Suas conclusões são diversas uma vez que fundadas em preceitos equivocados.

As pessoas que não têm leitura ou não conseguem escrever, não podem ter juízos críticos. Elas precisam seguir alguns balizadores para tomar as decisões. E por isso mesmo tornam-se a alegria dos políticos enganadores que as manipulam ao bel prazer.

Sem os analfabetos o panorama político em muitas cidades mudaria radicalmente. Ou melhor, com a maioria da população alfabetizada a permanência de alguns políticos, por uma vintena de anos no cargo eletivo não seria assim tão fácil.

É por isso que a muitos interessa a desorganização do ensino público no Brasil. A fórmula é fácil: quanto mais gente sem saber das coisas, melhor para os espertos que permanecem por muito mais tempo usufruindo as alegrias das maracutaias.

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