segunda-feira, 15 de abril de 2013

O Bote Inflável




O bote inflável serve também pra você colocar o seu bloco na rua. Calma. Eu explico: há algum tempo, quando você desejava, ao passear pelas margens do rio, dar uma voltinha de barco, tinha de ser proprietário de um, ou ter conhecido que o fosse. 
Sim porque possuir bote não era coisa muito comum. Precisava cortar árvores, passar as toras pelas serras de fita, plainas e, depois de preparadas as tábuas todas, carecia construir o bendito veículo.
A dinâmica era praticamente a mesma da usada na fabricação das caravelas, que trouxeram Cabral e seus acompanhantes para o Brasil em abril de 1500.
Depois de muitos e muitos anos fazendo botes de pau, surgiu com o florescimento da indústria metalúrgica, a possibilidade de construí-los de alumínio. Esse fator foi bem relevante para a questão da preservação do meio ambiente.
Veja que o bem-estar das pessoas depende diretamente do nível equilibrado da emissão de poluentes, tanto os sonoros quanto os degradadores da qualidade do ar.
Logo em seguida, ao avanço da tecnologia da fabricação dos inúmeros modelos de botes de alumínio - um metal bastante leve e resistente, com que fazem também panelas - surgiram as possibilidades de construir botes de borracha.
São infláveis, da mesma forma que os pneus do carro, da moto, da bicicleta, das bonecas e dos colchões.
A vantagem de ter um ou mais botes desse tipo é que você, ao guardá-los não tem tanto espaço ocupado. É só dobrar carinhosamente o equipamento e pronto. 
Os proprietários dos infláveis têm algumas vantagens sobre os demais. Suas atitudes são mais confortáveis do que a dos proprietários dos botes de alumínio ou de madeira que, por ser trabalhoso tirá-los e pô-los no rio, assim que precisar deles, deve deixá-los ao relento ancorados nas margens.
E tem mais: durante a empolgação, naquele pique, das festas e comemorações, é mais fácil você inflar seu botezinho botando-o na rua do que arrastar o trambolho pesado de madeira atrás de si. 
É claro que, em caso de enchente, ele também serve.

Pé Na Cova



A descoberta dos procedimentos usados pela médica Virgínia Helena Soares Souza, no hospital Evangélico de Curitiba, levou muita gente a se perguntar: que interesse teria ela em antecipar a morte de tantos pacientes?
Satisfação afetiva não pode ser. Apesar de ela ter um jeito de degenerada mental, que mataria em troca de prazer, parece que vantagens econômicas seriam os motivadores mais palpáveis.
Mas como, aquela que era paga pra cuidar e salvar vidas, ganharia muito mais dinheiro com as mortes dos pacientes sob seus cuidados, internados na UTI do hospital?
Um contrato verbal, no qual constasse que a cada corpo encaminhado por ela, a determinada funerária, em troca de participação nos lucros dos funerais, não estaria tão fora de cogitação.
Perceba que foram muitos anos de atuação na UTI e que milhares de pacientes perderam a vida por causa da redução das taxas de oxigênio e da ingestão de medicamentos inibidores das contrações musculares.
Já imaginou o diafragma, músculo responsável pela respiração, total ou parcialmente sob os efeitos do curare? É morte certa por asfixia.
A doutora Virgínia, com esses seus procedimentos antecipatórios, de certa forma, economizava nas despesas do hospital, evitando o uso prolongado da medicação nos pacientes que achava não merecedores de viver.
Por outro lado, garantia ela um dinheirinho extra a título de comissão, a ser recebido da funerária, ou das funerárias, por mais um cadáver encaminhado.
Pense bem: quantas famílias a doutora Virgínia entristeceu, lesou e prejudicou com esses procedimentos macabros? São milhares de pessoas desejosas de saber como ela pretende se livrar das penas da lei tendo contra si as gravações dos telefonemas que ela fazia ou recebia, relacionados aos crimes.
Não pode cometer engano quem disser que a doutora Virgínia Helena Soares Souza era a alegria das funerárias.
Se a pena de cada homicídio varia de 12 a 30 anos de prisão, com certeza seu tempo de cadeia ultrapassará facilmente os 278 anos, se, é claro, nenhum habeas corpus do STF a deixar livre para outros novos e rendosos negócios funerários.