sábado, 28 de janeiro de 2012

Discriminação Preconceituosa



                  Preconceito é uma coisa terrível. Para tê-lo basta cultivar ideias infundadas, ser moralmente cego ou bastante supersticioso.
      Você nota a exclusão, provocada pelo tal preconceito, quando no jornal, vê ali, naquele rol dos times participantes, de um determinado campeonato, a ausência do esquadrão considerado medíocre.
      A agremiação humilde, recém-chegada ao grupo de elite, é tratada na forma passiva, num claro sinal de que não inspira confiança e que as possibilidades de fracasso são bem maiores do que as de sucesso.
      No futebol, os momentos antecedentes de um confronto, geram posturas de humildade, de palavras respeitosas ao adversário e de muita esperança.
      No boxe é diferente. Principalmente entre os boxeadores norte-americanos. Lá é comum o desafio ser público, isto é, pela imprensa, quando os lutadores afirmam a sua superioridade e a certeza de que massacrarão o adversário.
      Essa dinâmica mental, forma de pensar, norte-americana foi vivida pelo Brasil, na copa do mundo de 1950, quando no Rio de Janeiro, diante de aproximadamente 200.000 mil torcedores, que lotavam o maracanã – embalado por um “já ganhou” homérico - viu a seleção perder para o Uruguai, quando precisava de um simples empate que o sagraria campeão do mundo.
      É certo que as atitudes dos boxeadores, tenistas, nadadores e todos os demais praticantes dos esportes individuais, cujo sucesso depende do próprio desempenho, devem ser diversas daqueles que praticam os esportes coletivos, como o futebol, vôlei e basquete, em que uns dependem dos outros.
      Entretanto deixar de colocar o emblema, do time que acabou de chegar à primeira divisão, entre os tradicionais, não pode deixar de ser entendido como a mais vergonhosa discriminação preconceituosa.



Mudando de assunto.
As eleições municipais acontecem agora em 2012. Você conhece o homem toco?
Curta o vídeo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Complexo de Vira-Lata




                A diferença entre os vencedores e os acostumados a perder está também na forma de pensar.
       Quando você ouve um dirigente dos chamados times “grandes” falar sobre a sua expectativa, no início de um campeonato, percebe que o objetivo é a conquista do título.
       Já em um time digamos... pequeno, com o chamado “complexo de vira-latas”, o discurso demonstra a pretensão de não voltar a cair pra divisão inferior, ou chegar entre os colocados, no meio do ranking final.
       O XV de Novembro de Piracicaba foi fundado no dia 15 de novembro de 1913, tendo ficado exatos 16 anos nas divisões inferiores.
       Veja que esse tempo todo corresponde ao período em que o PSDB ocupou o executivo e o legislativo piracicabano.
       Não há dúvidas de que as agremiações esportivas sejam utilizadas também com intenções eleitoreiras, isto é, aquelas que buscam a captação de votos.
        Tanto é assim que o partido do senhor Barjas Negri, Antônio Carlos Mendes Thame e José Aparecido Longatto, mandou decorar o Estádio Municipal Barão de Serra Negra, com as cores azul e amarelo representantes da associação política.
       Pelo desempenho do time você, meu querido leitor, pode perceber que não seria nada interessante ao tucanato, as honrosas vitórias e conquistas do Nhô Quim, por ter sido ele, dentre outros fatores, fundado em 1913.

Mudando de assunto.
Você tem acompanhado a novela Mulheres de Areia?
Veja a abertura. Curta o vídeo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Opinião de Sapo



         Quando o casamento está, há muito tempo, abalado pela incompreensão e discórdia, não é incomum que os cônjuges se tratem com muita indiferença.
       Esse estado de ânimo contamina todas as atividades do casal, (inclusive as profissionais), que já se separou ou estaria prestes a fazê-lo.
       A ruptura provocaria digamos... ”danos emocionais”, ou sofrimentos terríveis, que só poderiam ser amenizados com muito diálogo e entendimento. É sabido que a substituição, da pessoa que se foi, por outro alguém apaixonado, poderia em tese, reforçar os bons ânimos do equilíbrio físico e emocional.
       Há tempos em que as conversas são muito sofridas, especialmente aquelas, cujo conteúdo seja sobre o relacionamento findado.
       Veja que a zombaria poderia ser usada, com bastante frequência, contra os mais sensíveis, aqueles que se sentem feridos, com mais facilidade. Nesses momentos o apoio das almas amigas seria fundamental.
       Perceba que os dramas vivenciados produziriam conceitos ou opiniões como a que expressa Mário de Andrade: "Mas eu tenho opinião de sapo e quando encasqueto uma coisa aguento firme no toco".
       Apesar de tudo, o reencontro daqueles que se amaram um dia, não é impossível de acontecer. O amor antigo, suas emoções todas, contidas nos corações apaixonados, ressurgiria com força, relembrando os bons momentos.
       Nessa situação, quando o objetivo não passa de satisfação das expectativas sobre os bens materiais,      as promessas, as amizades e até os cumprimentos podem ser falsos.

Mudando de assunto.
Veja que interessante ficou o filme da Cia Henrique Camargo sobre a peça Os Três Mosqueteiros, baseada na obra de Alexandre Dumas. Adaptação e Direção de Alan Foster.
Curta o vídeo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

No jogo de estreia Corinthians vence de virada



               O Corinthians fez a sua partida de estreia no campeonato paulista 2012, jogando sábado (21), no Pacaembu contra o Mirassol Futebol Clube.
         Aproximadamente 16 mil torcedores alvinegros viram o primeiro gol do leão da alta araraquarense, marcado pelo atacante Xuxa, aos 28 minutos do primeiro tempo, depois de completar, de cabeça, um lançamento de Wesley da ponta esquerda.
         O Mirassol jogava melhor diante de um Corinthians apático até os 23 minutos do segundo tempo, quando depois de receber o segundo cartão amarelo, Alex Silva (7), do time visitante, foi expulso.
         Com um jogador a mais no campo o Corinthians, reforçando o setor ofensivo com quatro atacantes, criou oportunidades que culminaram com o gol de empate, marcado pelo centroavante Elton (19), aos 30 minutos do segundo tempo.
         Liedson (9) quase amplia para o Corinthians, ao concluir com uma bicicleta, a jogada iniciada por Elton, na ponta esquerda.
         O Corinthians vira o jogo aos 43 minutos do segundo tempo quando Alex (12) recebe na ponta esquerda, o lançamento feito pelo goleiro Julio Cesar (1) e, batendo cruzado, provoca o gol contra, marcado pelo zagueiro Dezinho (4), do Mirassol.
         O time do técnico Tite não jogou bem, tendo apresentado um futebol bem inferior ao que mostrou durante o campeonato brasileiro de 2011.


Mudando de assunto.

Cientistas americanos e grupos ambientalistas estão preocupados de que a demanda global por tartarugas possa ser uma ameaça para algumas espécies nos EUA. O Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF) diz que o consumo do animal na China, onde a carne é muito apreciada e ingrediente da medicina tradicional, assim como em estados americanos como a Flórida, pode levar tartarugas à extinção. AFP


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Os teus olhos te escandalizam?



              Imagine a saia justa em que se meteu o delegado de polícia, que mandou instaurar o inquérito policial para apurar o suposto estupro que teria ocorrido na casa em que estão os participantes do BBB 12.
       Tanto Monique, quanto Daniel negam que tenha havido violência ou abuso, no contato corporal, durante a madrugada que se seguiu a uma festa.
       Podem fazer perícia. Tudo o que for constatado nas vestes, será o resultado da ação consentida, pelos partícipes.
       Esvaziada a pretensão da concorrência, de ver o BBB 12 naufragado, resta agora o clamor do pessoal do expulso Daniel, que deseja vê-lo reinserido no programa.
       Ora, se não houve estupro, não haveria razão para a sua expulsão. E, portanto a inserção do brother na disputa, nada mais seria do que uma salutar medida de justiça.
       É oportuno saber se da primeira decisão, de eliminar o participante, caberia ou não uma segunda análise, feita por um grupo hierarquicamente superior, ao da diretoria do concurso.
       É uma ocorrência inédita nesse tipo de programa, e a solução do problema, servirá de modelo para situações futuras.
       Quem não gosta do que eu escrevo pode muito bem não ler as minhas matérias, publicadas nos meus blogs.
       Da mesma forma, quem não gosta do que vê, pode fechar os olhos ou mudar de canal.

Mudando de assunto.
Veja que judiação: a baleia encalhada morre na praia do Costa, em Vila Velha, Espírito Santo. Segundo biólogos ela teria vindo das águas geladas do Japão.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Náufrago



         Imagine-se em um veleiro, navegando de Santos ao Rio de Janeiro e, quando em alto mar, é envolvido por uma tempestade.
         Você está só; os ventos e a chuva açoitam a embarcação com tanta fúria e inclemência que o aterrorizam.  Faz parte do conjunto de objetos que compõem o interior do barco, um pote de dez litros de água, copinhos de plástico, onde geralmente servem café, uma escada e também uma pequena placa de madeira em que há a inscrição: a cada um segundo suas obras.
         O céu está tomado por nuvens negras; a chuva é bem fria, as ondas estão muito altas; num dado momento, a ventania arranca as velas e você se vê assim, de repente, sem o leme.
         Não tendo como controlar a situação você desesperado, percebe que a proa do veleiro se partiu e que, num átimo de segundo, as águas invadem tudo. A embarcação começa a afundar.
         Está frio. Nas águas geladas você se agarra a um pequeno destroço que o mantém na superfície. Você percebe que a estabilidade daquela sua tábua de salvação é ameaçada por algumas coisas que, naquele momento, mais o prejudicam do que ajudam.
         Então você tem de escolher: ou se livra do pote, da escada, dos copinhos de plástico e da placa, ou submerge rodeado por aquelas coisas todas.
         Ao decidir desembaraçar-se dos objetos, você nota que a intensidade dos ventos, da chuva e das ondas aumentaram bastante castigando-o muito.
         Mas felizmente, depois de muito tempo perdido naquele turbilhão, você nota que, apesar de muito sofrido, está são e salvo numa praia.
         Então, para a surpresa sua, você consegue ver que aquelas coisas todas que você lançou ao mar, durante os momentos de muita dificuldade, estão de volta ali, ao seu lado.
         Você recolheria aquilo tudo para equipar o seu próximo veleiro?

Veja o vídeo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Desprazeres




                 Já imaginou você caminhando tranquilamente pela calçada, durante uma noite e assim, de repente, ver um morcego parado bem ali, no chão, à sua frente?
       O que você faria? Certamente haveria quem se desviasse, quem pensasse em chutar o animal, e até mesmo quem pensasse em pisar nele.
       Mas é claro que não deixaria de haver aquela alma bondosa, disposta a acolher o bichinho, colocando-o a salvo, fora do caminho das pessoas que, em não o vendo, poderiam massacrá-lo.
       O pior aconteceria se você criasse um princípio de vínculo afetivo com o tal. Que frustração tamanha não ocorreria se, depois de recuperado, o mamífero batesse as asas e bye-bye, tchau pra você?
       Esse tipo de desengano assemelha-se ao daqueles herdeiros que, esperando pela venda de um bem do espólio, sentem-se “roubados” pelo sucessor que se adianta ocupando o imóvel.
       Nos dois casos nega-se a satisfação de um anseio, por uma realidade adversa.
       Seria exagero afirmar que haveria certo desejo de vingança, daqueles que, julgando-se lesados por alguém, buscassem produzir no suposto lesador, os mesmos dissabores?
       Eu penso que não é exagero nenhum. Na minha opinião creio que quem faz isso deliberadamente, busca “dar uma lição”, naquele hipotético causador dos tais desprazeres.
       É a aplicação da reciprocidade, ou a brega lei do Talião: olho por olho, dente por dente.

Mudando de assunto:
Você já viu um quati?
Curta o vídeo.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Vamos cantar para subir, bebê?




                   Você já imaginou a maldade que pode existir no abandono de uma criança?
       Agora pense nos motivos que levam alguém a praticar um ato desses. O neném pode ser fruto de uma relação indesejada, proibida e condenável.
       Pode ter nascido de um namoro rápido entre jovens que não pensavam muito nas consequências do relacionamento sexual ou, como dizem os legisladores, adulterino, isto é, filho da mãe solteira e pai casado com outra mulher.
       A criança pode ser filho adulterino, cujos pais são ainda casados antes com seus respectivos cônjuges, tal como numa relação de swing, ou casais trocados.
       No caso em que a mãe é solteira e o pai já compromissado antes, se a mãe conseguir criar seu filho, sem a ajuda do pai biológico, terá conseguido um feito valoroso.
       Da mesma forma digna, será a ação do casal sem filhos, que adota o neném abandonado.
       Veja que o bebê adotado pode receber boa educação, vindo a frequentar as melhores escolas e conseguindo formar-se. Esse felizardo poderá ser médico, engenheiro, professor ou qualquer outro profissional que o bom senso lhe propiciar.
        Você já ouviu falar em Mika Waltari?
       Mika Waltari foi um escritor finlandês, nascido em Helsinque, no dia 19 de setembro de 1908 e falecido aos 28 de agosto de 1979, aos 70 anos.
       Uma de suas obras de maior sucesso chama-se O Egípcio que trada exatamente de Sinuhe, o garotinho  abandonado pelos pais biológicos, que se torna um médico famoso, no tempo do Faraó Amenhotep IV (Akhenaton).
       Sinuhe ingressa na corte do faraó, e lá conhece a mulher bela e ardilosa, por quem se apaixona, perdendo dessa forma, todos os seus bens e a própria dignidade moral.
       Quando se fala em faraó, Egito, lembra-se logo da Cleópatra. Veja o filme e tenha uma ideia de quem foi.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Passeando de Charrete



                Na maioria das cidades do interior não existe aquela agitação típica dos grandes centros urbanos. Geralmente todas as pessoas se conhecem e a vida transcorre com mais tranquilidade.
       Não é raro você encontrar pelo caminho, quando passeia pelos arredores da urbe pequena, pessoas trafegando com veículos tracionados pela força animal.
       É comum você se deparar com alguns cavaleiros, gente que se desloca em carroças e também com charretes.
       Apesar da enorme facilidade para a aquisição de motocicletas e automóveis, ainda há muitas pessoas que não deixam, de jeito nenhum, aqueles hábitos aprendidos na mais tenra infância.
       Talvez esse apego, às coisas dos primeiros anos, ocorra também pela certeza de que recordar é viver. E quem não gosta de rememorar as coisas gostosas daquele tempo em que ainda dávamos os primeiros passos, não é verdade?
       Mas é claro, existem os que não teriam mesmo outra alternativa. Na periferia da cidade pequena há quem tenha mais facilidade em usar charretes do que, por exemplo, a bicicleta, a moto ou até mesmo um automóvel antigo.
       No campo as habitações são mais amplas, arejadas e a aglomeração das pessoas, num mesmo ambiente, pode não ser tão nociva como é nos bairros da periferia.

Curta o vídeo.  

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Padrão Negativo


          O prefeito Barjas Negri (PSDB) de Piracicaba, que teve seu nome envolvido no Escândalo das Sanguessugas, deseja agora por meio de um decreto, padronizar as cores dos táxis da cidade.
         Segundo consta, elas deverão ter os mesmos matizes do partido representado por ele: amarelo e azul.
         Essa atitude já foi tomada com relação à pintura das cadeiras do Estádio Municipal Barão de Serra Negra, que é propriedade da prefeitura, mas que serve ao Esporte Clube XV de Novembro.
         Da regulação das cores para a uniformização dos pensamentos, da opinião, das atitudes e do comportamento coletivo, a distância não seria muito grande.
         Ninguém duvide que essa busca de controle social, de homogeneização, tem raízes nos regimes autoritários semelhantes aos vigentes na Coréia do Norte e na China.
         Imagine uma sociedade de bonecas, robôs, com a mesmíssima opinião, pensamentos, roupas, atitudes e comportamentos, controlados por uma elite cruel.
         Barjas Negri foi Ministro da Saúde durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo participado, segundo Darcy Vedoin, de um esquema de superfaturamento e desvio de verbas relacionadas a ambulâncias.  
Conforme a intenção do prefeito, os táxis de Piracicaba deverão ter a cor prata e ostentar adesivos quadriculados amarelo e azul, nas laterais e também na traseira.
Por meio do decreto 14.423/11, todos os carros adquiridos antes de 2012, e utilizados como táxi, terão o prazo de três anos, a partir de 1º de fevereiro, para a troca da cor que deverá atender o tal critério escolhido.
Portanto não bastam as placas vermelhas e a luminária no teto do automóvel, é necessário que o carro tenha no máximo cinco anos de uso, contados a partir do ano de fabricação, seja prata e exibam as cores amarelo e azul quadriculadas.
Isso faz lembrar o tempo em que os estudantes adolescentes das escolas públicas usavam uniformes, tinham pensamentos, opiniões, atitudes e comportamentos assemelhados.    

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tratantadas



             Estamos hoje de volta após alguns dias de inatividade nesse vosso Blog muito mais querido. Quem nos acompanha sabe que vivenciamos essa lida há praticamente dez anos sem interrupção. Portanto nada mais salutar do que um recesso restaurador das energias.
         Enquanto estivemos fora, as coisas não deixaram de acontecer. Ocorreram muitos acidentes no trânsito, incêndios, inundações, prisões de gente metida nas falcatruas politicas e tudo o mais.
         Aqui em Piracicaba a prefeitura conseguiu recapear com asfalto a Rua Fernando Febeliano da Costa, desde a Avenida Independência até a Alberto Vollet Sachs. E para que não houvesse dúvida nenhuma de que foi ela mesma, a prefeitura, a autora dessa tão nobre façanha, mandou fixar placas com os créditos da obra, em alguns postes.  
         Mas por falar em tratantada você viu o que aconteceu lá na prefeitura de Campinas? Pois é, a Câmara Municipal cassou o mandato de dois prefeitos.
Em Limeira a esposa do mandatário, os filhos dele e também as noras, foram todos encaminhados para as repartições policiais competentes, em decorrência das provas substanciosas do desvio da dinheirama que não lhes pertencia.
Aqui em Piracicaba não falta quem diga serem as tais pontes em construção, alusões ao falo agregador das duas metades equidistantes.   E que essa mania de plantar as armações de concreto, não passaria de auto-afirmação da macheza combalida dos vetustos senhores, há muitos e muitos anos, fincados no poder.
Para serem construídas as tais obras precisaram de licitações públicas. Será que os atuais ocupantes do poder se sentiriam à vontade, durante as prováveis e inevitáveis investigações?

Por falar em corrupção veja o vídeo abaixo:

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Braço



               Van Grogue entrou, naquele entardecer de segunda-feira, no bar do Bafão onde, com um gesto ao proprietário atento, comunicou sua intenção de saciar-se de cachaça e cerveja.
       Depois de ingerir, numa talagada, o conteúdo do seu copinho habitual de pinga, ele notou que havia um pessoal diferente reunido com o gerente bancário Célio Justinho, marido da raivosa Luisa Fernanda.
       Eram dois homens claros, de estatura elevada, um deles já passando dos 60 anos, porém magro e o outro mais novo, que se destacava pelo abdome abaulado, impossível de ser disfarçado pela camisa larga e florida, que escorria sobre o bermudão bege.
       Um deles dizia:
       -You cannot get carried away by the temptation of the devil.  
       E o outro traduzia para Célio Justinho que, fascinado, ouvia atento:
       - Você não pode se deixar levar pela tentação do demônio.
               - Because he tries to maliciously trying to take him to error, sin.
              - Pois ele o tentará maldosamente buscando levá-lo ao erro, ao pecado.
       Com um copo transbordante de cerveja numa das mãos, o pregador prosseguia:
        - The devil whispers in your ear trying to end his life. He has a lot of envy and hate you. 
       - O capeta sussurra na sua orelha buscando acabar com a sua vida. Ele tem muita inveja e ódio de você.
       Não se interessando pela conversa e nem mesmo desejando interrompê-la, Van de Oliveira, se apossou da garrafa de cerveja, do copo limpo, e caminhando em direção à mesa do canto, perto da porta, onde costumava ficar, sentou-se lentamente.
       Van Grogue ingeriu um gole e, assim como que num passe de mágica, plim-plim, desconectou-se do ambiente.
       Vestindo um calção azul, uma camisa branca com bolso do lado esquerdo, sandálias de couro, fivelas cromadas, o menino caminhava ao léu, pela rua principal da cidade.
       Ele prosseguia devagar, olhando tudo, de um lado para o outro, entre os transeuntes apressados, que iam e vinham, vivenciando aquela azáfama do dia a dia.
       A criança parou defronte uma loja de armarinhos, onde lá dentro havia um casal de meia idade.
        Atrás do balcão, o homem, à direita da mulher, media um tecido verde com o metro amarelo de madeira. Eles conversavam entre si, mas ambos olhavam para o menino estancado na calçada.
       Impelido, o menor iniciou a caminhada para dentro do salão. A mulher, ante a aproximação do estranho questionou-o:
       - O que você quer?
       Sem ter o que responder o guri viu-se embaraçado, tenso. O homem então perguntou:
       - De onde você veio?
       - A minha avó mora ali na esquina.
       O casal se olhou e, o homem conseguindo identificar a pessoa citada, acalmou a companheira, que mais a vontade, fixou o olhar no menino. Então o homem perguntou:
       - Você conhece o Pedrinho?
       Sem esperar a resposta, e sob os protestos da mulher, o comerciante fez o garoto passar por uma abertura lateral, na qual uma cortina de pano verde escuro servia de porta, encaminhando-o assim para os fundos da loja.
       Ao andar sozinho pelo corredor o menino ouvia alguém que falava numa língua estranha:
       - The books are on the table.
       O garotinho foi se aproximando até que pòde ver dentro de um quarto, cuja porta e janela estavam abertas, um adolescente todo vestido de branco, sentado sobre a cama. O mocinho recostado no travesseiro grande, lia e relia a lição de inglês.
       Quando percebeu a presença daquele estranho o estudante perguntou ao pai que estava lá na loja;
       - Quem é pai?
       E de lá, o homem respondeu:
       - É um vizinho. Um coleguinha seu.
       - But where's the
 book? – continuou o aluno, olhando o forasteiro medroso, da cabeça aos pés. Em seguida disse:
       - Sente naquele banquinho. De onde você vem?
       Enquanto explicava que era neto da mulher que morava na esquina, o visitante viu que aquela pessoa, com muita dificuldade, procurava se levantar da cama.
       O pequeno e curioso forasteiro nunca tinha visto uma pessoa deficiente.
       Com bastante esforço o estudante levantou-se, deixando ver que seu corpo, pálido e magro, não tinha o braço direito e que as pernas, e também os pés, eram atrofiados.
       - Espere ai que eu já volto. - disse o jovem, depois de apoiar-se no par de muletas, que pegara da cabeceira da cama.
       Enquanto ficou só, o menino pôde ouvir as vozes que vinham da loja.
       Algum tempo depois, sacolejando o aluno do ginasial entrou no quarto, sentou-se na cama, ajeitou o travesseiro às suas costas e prosseguiu com a lição:
       - But you, what you want from me?
       Vendo que a lengalenga não passaria daquilo e sentindo-se mal com o zunzunzum vindo da loja, o jovem visitante comunicou seu desejo de ir-se embora. E sem esperar por qualquer resposta retirou-se.
       Quando o menino passou pelos comerciantes que ainda estavam atrás do balcão, ele ouviu a mulher dizer:
       - Mas já vai? É tão cedo ainda...
       No boteco do Bafão, Van de Oliveira Grogue reconectava-se com o meio ambiente.
       - Note that the addiction can take you to disease, epilepsy report. Quit it already. – dizia o pastor com o copo de cerveja na mão.
       O companheiro do pregador traduzia para Célio Justinho e Bafão que estavam atentíssimos:
       - Veja que o vício pode levá-lo à doença, à epilepsia. Saia disso já.
       Van Grogue levantou-se da mesa, caminhou cambaleante até o balcão, para pagar a conta e sair, quando o pregador, olhando para ele, disse em português:
       - Arrependa-se! Saia dessa vida louca enquanto é tempo!
       Para o espanto geral Van Grogue, sacando os caraminguás contados para pagar a despesa, respondeu:
       - O quê!? Eu não quero nem saber.
       Depois de passar o dinheiro ao Bafão, e massageando o braço direito, ele afirmou com voz poderosa, ao sair:
       - Hoje vai dar águia na cabeça meu amigo. Já ouvi até o apito do trem.