sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Rejeição




            Quando uma chamada “Líder de Quarteirão” mostra-se refratária às boas novas, pode sentir-se profundamente ofendida pelos que lhe anunciam a existência do alfabeto, dos jornais, dos noticiários nas rádios, TVs e da interpretação correta das escrituras sagradas.
            Esse sentimento ao ser comunicado aos parentes mais próximos, aos integrantes das igrejas e centros, arregimentar-se-ia de tal forma que seria notado pelas “lideranças” políticas do local.
            Perceba que as pessoas ocupantes dos cargos eletivos não teriam, em tese, qualquer diferenciador dos grandes portadores dos preconceitos, limitações e cargas supersticiosas, formadoras da mentalidade mediana dos moradores da zona.
            Dessa forma o sentimento de rejeição pode alastrar-se pela cidade inteira e nem mesmo os trabalhos voluntários, verdadeiros milagres demonstrativos da boa vontade, seriam capazes de mudar a repulsa.
            E não há quem faça os “cabeças-duras” trocarem a opinião, abandonando os próprios erros, demonstrando arrependimento. Dai então as comparações: em outros locais mais salubres as boas ações seriam reconhecidas.
            A rejeição não causa compaixão aos rejeitadores e nem aos lugares onde vivem.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Soluções para os Litígios




                     É possível para alguém ter uma noção de quem seja uma pessoa, só de olhar, assim pela primeira vez. Nem sempre as aparências enganam; é a vivência, a experiência de vida que proporcionaria o tal “olho clínico”.
            Entretanto os juízos que fazemos de uma pessoa podem estar completamente enganados. Nós julgamos com aquilo que temos “no coração”. É comum então, projetarmos nos outros aquilo que somos.
            Desta forma os ladrões julgam que todos sejam ladrões, os assassinos podem pensar que todo mundo mata e os loucos, que atiram pedras nos vizinhos, consideram outras pessoas semelhantes a eles.
            Isso é o que chamaríamos de “medir com o próprio metro”, ou o atribuir a outrem uma característica própria, que o psicanalista austríaco Sigmund Freud (foto) denominou de projeção.
            Então quando uma “líder de quarteirão” se propõe a não receber determinada pessoa recém-chegada, pode justificar sua atitude com alguns motivos que lhe formam a personalidade.
            Ou seja, ela vê no outro aquilo que ela mesma é.
            Esta forma primitiva de reação impede o relacionamento saudável num quarteirão, travando os preconceituosos. As fantasias elaboradas nas mentes febris podem contaminar parentes distantes, membros das igrejas, formando assim noções equivocadas sobre as pessoas próximas.
            O analfabetismo e a timidez possibilitam o recrudescimento das superstições e estas, por sua vez, o isolamento do quarteirão, de todo o resto do bairro.
            O poder político seria conivente com o atraso e subdesenvolvimento de um quarteirão, de um bairro, e da cidade, na medida em que se omite na apresentação das soluções para os litígios.   

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Líder do Quarteirão


                        Muitas pessoas têm dificuldades para, mudando o comportamento, tornarem-se mais amistosas, mansas, pacíficas e socializadas.
            Uma das causas impeditivas do amestramento eficaz seria a crença equivocada de que os bons são ingênuos, tolos e passíveis de serem enganados. Daí o exercício da crueldade.
            A hereditariedade influi muito na conduta do indivíduo insistente na pratica dos malefícios a enteados, irmãos, mãe e vizinhos. O sujeito inquieto, querelante, espelha-se na figura do pai que também agia sem compaixão nenhuma com os filhos, a mulher e os vizinhos.
            Para se tornar um líder respeitável no quarteirão a pessoa deve demonstrar sensibilidade e muito tato no trato com as pessoas, a começar consigo mesma.
      O líder do quarteirão deve conhecer o alfabeto, interpretar corretamente as escrituras sagradas, permanecer atento às notícias dos jornais e estar sóbrio a maior parte do tempo, a fim de que suas percepções sejam reais.
      O indivíduo que deseja ser influente num quarteirão deve conhecer as leis, evitar os motins de rua, os crimes, não usar drogas e respeitar a mãe viúva.
      Não é o tempo de permanência num determinado local da cidade que habilita o indivíduo a ser o digamos... ”Xerife” do trecho. É preciso muito mais do que isso. É necessário, além das qualidades elencadas acima, ter alguma inteligência e bons propósitos.
      Sem essas características o tal pretenso líder permanecerá lá no fundo do quintal onde só há choro e ranger dos dentes.
             

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Discussões Intermináveis



                        Às vezes, numa família composta por muitos membros, pode surgir algum tipo de competição que objetiva a exclusividade da fonte de afeto.
             Assim uns, por se sentirem mais fortes, podem desejar sobressair-se, reafirmando a própria importância.
             A auto-afirmação se dá dentro do mundo da pessoa, ou seja, com as ideias, costumes e crenças que a compõem. Assim, se o indivíduo é um beberrão maldoso, demonstrará que é o mais importante por suportar mais álcool e praticar mais malvadezas que os demais.
             Com o passar do tempo não só o afeto é disputado, mas a liderança também. Dai surgem os choques de opiniões diversas, as discussões intermináveis sobre quem tem mais prestígio, mais influência.
             Isso ocorre também em nível de quarteirão, de comunidade.
             É possível às pessoas mais antigas de um determinado lugar, que ao sentirem o seu prestígio no bar, na igreja, ou no clube social, ofuscado por um novo morador recém-chegado, iniciar uma onda de repulsa, criando inclusive boatos e difamação.
             Entretanto todos tem importância num quarteirão. Desde a criança analfabeta, o pinguço maldoso, que durante as madrugadas insones, joga lixo na casa dos vizinhos, o homossexual que foi despedido do salão, o padrasto desempregado, que insiste em educar as crianças, usando o medo com a demonização de quem ele não gosta, até a viúva que vive de casa em casa, buscando e levando as novidades.
             Não haveria condenação à “dominação intelectual” se esta objetivasse o adestramento, a socialização, e o respeito que se deve ter a si mesmo e às demais pessoas vizinhas.  
26/09/11
                  

sábado, 24 de setembro de 2011

Superfaturando Ambulâncias




                             Realmente a pergunta que não quer calar, neste sábado, é a seguinte: como é possível um grupo de políticos prejudicar, por tanto tempo, tantos usuários dos serviços públicos de saúde?
             Quem não se lembra daquela operação da Polícia Federal, conhecida mundialmente como Sanguessugas?
             O esquema possibilitava o superfaturamento dos preços das ambulâncias, praticado por integrantes do Ministério da Saúde, quando FHC era o presidente da República.
             Darcy Vedoin, um dos proprietários da empreiteira PLANAN, ao ser preso pela polícia federal, denunciou Barjas Negri, atual prefeito de Piracicaba, então nomeado no ministério da saúde, como um dos responsáveis pela supervalorização das ambulâncias destinadas a mais de 600 municípios brasileiros.
             Diante da gravidade de tais crimes instaurou-se inquérito policial e CPI, mas até hoje milhões de pessoas ficaram sem saber o resultado das investigações.
             Perceba o meu ilustre leitor que o progresso material de alguns políticos medíocres aumenta na exata proporção em que prosperam as desgraças para o eleitor, nos setores de saneamento básico, saúde e segurança, dos locais onde ele atua.
             Assim, quanto mais rico, mais abastado o político, mais mal atendida será a população, nas áreas da saúde, educação, segurança e saneamento básico.
             E essa velha história tende a se perpetuar, caso persista a impunidade, geradora de tantos desníveis sociais.     
            

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Movendo o Burro



                                 Existem algumas maneiras de você mover um burro. A primeira delas é espancá-lo tornando incômodo o local onde ele está. A segunda é oferelher-lhe acepipes tipo cenouras saborosas. A terceira é fazer um contrato com o dono dele.
             Uma turma pode dizer ao sujeito dependente dos salários pagos em decorrência da ocupação dos cargos eletivos:
             - Olha, vai dar uma voltinha na rua que o pessoal do jornal está ligado e o fotografará. A gente vai usar isso como argumento para a reeleição.
             E você acha, meu mui nobre e querido eleitor, que o viciado em verbas públicas deixará de ir? É claro que não. O dependente do dinheiro popular se inflará de tal forma, vestirá umas peças básicas (humildes) de roupa e vamo que vamo. Sebo nas canelas.
             Afinal mais quatro anos, 48 salários (fora os conchavos), a mordomia, e os privilégios da função pública eletiva, não compensariam uma caminhadazinha básica, ainda que sofrida, pelas calcadas esburacadas, debaixo do sol?
             Conheço gente que faria muito mais pra ganhar bem menos.
              Mas é assim mesmo. Veja como é o acaso. Ontem o camarada cortava cana. Hoje ele faz leis para uma cidade inteira obedecer.
             Enquanto isso, os senis doutores catedráticos continuam na velha faina para obter a maior produtividade do metro quadrado da terra, onde plantarão o tal vegetal, que lhes dará o biocombustível.
             Viva a primavera!
22/09/11