segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vamos Trabalhar?

Parece que o deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB) não desfrutará da companhia do palhaço Tiririca no congresso nacional.

Uma perita técnica atestou, recentemente, que o cidadão obtentor de mais de um milhão e trezentos mil votos, ou seja, que recebeu mais sufrágios do que qualquer outro pretendente a cadeira no legislativo federal, é mesmo incapaz de ler e escrever.

Imagine você, meu amigo leitor, o choque “térmico”, o embate cultural, ou as reações produzidas pelas interações técnicas, entre o doutor formado pela USP, e o senhor Everardo, agora categorizado como analfabeto funcional.

Na verdade a posse do senhor Tiririca serviria como uma espécie de alento balsâmico consolador a todos os que nele votaram. É como se dissessem:

- Olha lá, está vendo? O Tiririca é analfabeto, mas ganha muito mais do que qualquer doutor por aí. Então, pra que estudar, não é verdade?

Dessa ironia do destino o senhor Thame está praticamente isento.

Já imaginou que chato seria se a vizinha da professora Carolina Thame, só para provocar, numa reunião rápida, à porta da casa, logo depois da mestra ter chegado de uma incursão ao mercado municipal e, ainda cheia de sacos e embrulhos, comentasse:

- Mas que coisa né comadre? Tem gente que estuda tanto pra conseguir um carguinho bom, no entanto podemos perceber que não é necessário esse esforço assim. A senhora não viu o Tiririca? Ele não sabe fazer o “ó” com o copo, mas também ganha igual aos catedráticos.

O Tiririca é uma amostra da atual realidade do ensino público brasileiro. Existem no mínimo, um milhão e trezentos mil analfabetos funcionais que, com certeza, justificariam essa condição anunciando o fato de que tinham de trabalhar e por isso não frequentaram a escola.

O nosso querido palhaço Tiririca não pode alegar ter sido pego de surpresa. Ele não pode alegar que não esperava esse tipo de atitude dos encarregados da defesa da constituição da república.

Tiririca, e os que o inscreveram, tentaram investir contra o preceito constitucional que veda o ingresso de analfabetos funcionais nas câmaras legislativas.

Aqui em Piracicaba muitos e muitos analfabetos foram eleitos, tomaram posse, criaram e empregaram seus filhos. A diferença entre esses políticos de Piracicaba e o palhaço, é que no caso dos ignorantes daqui, ninguém denunciou.

A solução para esse problema, criado pelo palhaço e sua equipe, seria ou erradicar o analfabetismo no Brasil, ou propor uma emenda à constituição que admita o acesso dos analfabetos.

Já que pensarão nesse assunto que tal preparar também um texto que garanta o direito do cidadão de, com sua ausência, poder dizer aos senhores políticos, o que ele realmente acha dessa patacoada toda?

Vamos lá senhor Thame? Vamos trabalhar?



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