domingo, 6 de novembro de 2011

Relativamente Selvagem



           Num quarteirão relativamente selvagem um cidadão pode ser apodado de “loucão”, “louquinho” e também receber tijoladas na esquina.
       Essas atitudes fazem parte do incentivo a alguém para que deixe de fazer o que não é comum às demais pessoas do lugar.
       Dessa forma, aquele que dedilha o seu teclado, produzindo sons ou textos, num local onde só há pedreiros, funileiros, coletores de lixo e aposentados, pode ser tachado como alguém desejoso de aparecer.
       As ações de abafamento são motivadas pela absoluta incapacidade de fazer o que a vítima da opressão faz, ou ainda, para tentar evitar que os olhares da cidade se voltem para o lugar.
       Os que buscam não aparecer, ou são doentiamente tímidos, ou autores de crimes terríveis, cujas vítimas anseiam por reparação.
       Em todo caso, sempre existe alguma coisa de muito excepcional nessas pessoas que teimam em impedir alguém de fazer algo que não seja condenável pelas leis e nem pelos bons costumes.
       Nas escolas esse tipo de comportamento castrador pode atingir os mais feios, os mais bonitos, os mais gordos ou os mais burros. É o chamado bullying.
       Se os pais de um menino, considerado pela turma como muito feio, não intervirem, ele pode ter de abandonar os estudos.  
       Essa forma de agir de alguns contra alguém já era observada no antigo Egito. Segundo o velho testamento depois do nascimento, os pais de Moisés tiveram de escondê-lo por algum tempo, pois o menino era muito bonito.
       Nos Salmos você pode encontrar situações semelhantes a essa em que uma turba de mal-educados sitia e pressiona o salmista, infernizando-lhe a vida.
       Cabe aos professores, psicólogos, padres, e pastores a incumbência de fazer compreender as palavras de Jesus que nunca ensinou a submeter ninguém.
       Aliás, Jesus Cristo foi crucificado exatamente por gente que tinha esse tipo de mentalidade cerceadora e opressiva.  

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