quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Transplante de Língua





                                 Hoje é o dia do Rock. Agora, você já imaginou um roqueiro sem língua? Pois olha que isso é difícil de acontecer. Nos dias atuais nada é impossível.
                    Quando eu era criança um dos nossos vizinhos, morador do casarão da esquina tinha três filhas que viviam subindo na mangueira e goiabeira do quintal.
                    Elas não se importavam muito com o que poderia ver o garoto, que ficava em baixo, olhando pra cima enquanto elas, de saia, capturavam as frutas.
                    Não afirmaríamos que havia nelas a intenção de mostrar as calcinhas, porque quando percebiam que as olhava, com muitíssimo interesse, logo prendiam as vestes entre as pernas.
                    Mas numa tarde, uma delas subiu na goiabeira e não se sabe de que jeito, caiu lá de cima, batendo o queixo num dos galhos. Como a menina estava com a língua entre os dentes, no choque quase houve a mutilação.
                    O órgão ficou seguro por um fiozinho que possibilitou a sutura e a total recuperação, meses depois.
                    A cirurgia foi tão bem feita que era quase imperceptível a cicatriz, mesmo quando olhada de perto, no espelho, que havia sobre a pia do banheiro.
                    As suspeitas médicas de que a jovem teria contundido o baço ou fraturado a clavícula foram logo afastadas, pois os danos do embate se concentraram na boca.
                    Além dos cuidados corriqueiros que se deve ter com ferimentos, a moça precisou usar, por algum tempo, uma bolsa de gelo sobre a face.
                    Quanto ao roqueiro sem língua isso não ocorreria, pois se há transplantes de rosto e também de pernas por que não haveria de línguas?

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