domingo, 29 de agosto de 2010

Covardia

Em briga de “cachorro grande”, o pequenino pode não se dar muito bem. Ainda mais se estiver esperando na esquina, dentro de uma charanga 29, sob o sol inclemente.

O problema é que quando os grandes não se entendem, as maldades sobram pra quem não tem nada a ver com os rolos. Isso é clássico.

Então, descarregar as frustrações nas crianças, pode ser uma espécie de “terapia” de ignorante, praticada a exaustão.

Imagine a cena: A vovozinha, adoentada, de cama, num esforço tremendo, pega de uma bacia pequena, alguns pedaços de ossos mal cheirosos e os lança aos pés do leito, onde boquiabertos e ofegantes, esperam cinco cães enormes, todos sentados no chão.

Já imaginou a confusão entre eles? Um morde o outro, todos se abocanham e quando, frustrados, ainda muito irados, resolvem atacar um filhote, que surge ali de bobeira, parece que tudo se acalma.

O problema é que nos cálculos dos primos, se o tio está muito errado, não faz tanta diferença descontar aquele ódio todo no moleque abobalhado, que não tem nada a ver com a pendenga.

Então pode, para essa gente louca, parecer normal um adulto super frustrado, quando a sós na sala com um menino de oito anos, pegar-lhe no braço, com muita força e dizer, com aqueles olhos esbugalhados de marceneiro bêbado da fábrica de botes:

- Você vai ficar louco.

Para quem tem titia catedrática e titio vereador, representante das oligarquias, parece que a condução dos fatos, na direção do indicado, pelo mole louco frustrado, parece que não seria assim tão difícil.

No clima de espera do cadáver, no clima de espera do consumidor que entra na mercearia, sem ter o dinheiro trocado pra pagar o pedaço de queijo, uma comemoração cívica pode não começar assim tão bem.

Mas o pior mesmo, nesse meio todo, poderia acontecer se durante a parada inesperada sobre os trilhos, vier, de repente, um trem enorme e destroçar, numa trombada terrível, o tal fordeco 29.

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