segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A impotência gráfica



O povo elegeu um palhaço analfabeto com mais de um milhão de votos. Eu já vi esse filme. Aqui em Piracicaba tem vários casos.

O cidadão degustará acepipes que nunca imaginou existirem e empregará a parentela toda.

Em meados da década dos anos 80 quando eu trabalhava no cartório, durante um período eleitoral, começaram a aparecer ônibus e mais ônibus, repletos de gente vinda da cidade de Novo Cruzeiro, interior de Minas Gerais.

As pessoas humildes que vieram para cortar cana nas usinas da região faziam fila diante do balcão do cartório, buscando o título eleitoral. A condição para obtê-los era saber ler e escrever.

O cidadão tinha que preencher um formulário provando ser alfabetizado. Lá pelas tantas da tarde, um senhor, já com alguma idade, demorando mais do que os outros, nos rabiscos que fazia, acenava com sua impotência gráfica quando tornava ilegível o documento.

Ao ser questionado, ele pediu para que eu preenchesse o documento, confessando o analfabetismo. Eu então lhe respondi que não poderia tirar o título, pois não preenchia os requisitos da lei.

O cara transformou-se numa fera. Irado, emitindo urros, ele levantou-se e virou o balcão do cartório, Só foi contido pelos familiares que o acompanhavam.

Diante da confusão que se formou o chefe do cartório pediu-me que maneirasse nas exigências e que o deixasse receber o documento.

Depois do bafafá fui à delegacia de polícia onde registrei uma queixa contra aquele eleitor. Ele e dois ou três milhares deles vieram trazidos, do interior de Minas, por um candidato a prefeito muito conhecido aqui.

O tal candidato foi eleito. Durante sua gestão e procurando reformar a praça central da cidade, ele pilotando uma retroescavadeira, avançava sobre os monumentos históricos feitos em homenagem aos heróis paulistas de 1.932.

A lei? Ora, a lei... Já dizia Getúlio.







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