segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

As Taças

Eram cinco horas da tarde daquele domingo, 28 de novembro, quando Ana Júlia e eu nos sentamos à mesa da varanda.

A tarde estava nublada, mas não havia ventos fortes; a brisa amena trazia os odores e perfumes da vegetação densa do entorno.

Uma sensação esquisita apossava-se de mim; era causada pela ausência do bulício estressante das grandes concentrações citadinas.

O som dos pássaros, dos insetos e animais da fazenda, substituíam os ruídos dos automóveis, máquinas e vozes humanas que sempre nos envolviam no cotidiano.

Podíamos ver e ouvir o cortiço das vespas no topo de uma árvore distante; elas zumbiam e agitavam-se nervosas.

Ana Júlia trouxera uma garrafa de vinho tinto encorpado numa das mãos e, na outra, um prato com queijo Roquefort. Eu havia colocado as taças sobre a mesa antes de me sentar.

Os dois cães da casa, Magna e Justinho deitaram aos nossos pés; esperavam ser agraciados com as possíveis migalhas que sua linda e jovem proprietária pudesse dar-lhes.

Era a minha primeira visita à fazenda da futura sogra. Ana Júlia e eu chegáramos ao entardecer da sexta-feira. Depois do banho demorado, durante o qual fizemos amor, jantamos e fomos para a cama. Havia muito tempo que eu não dormia tão bem quanto naquela noite.

O sábado passou com muitas expectativas e surpresas; fomos ao curral onde ordenhamos a vaca e assistimos aos últimos momentos da gestação de uma cabra.

A prenhez deixou-a bem maior do que sempre fora. Por estar muito pesada, ela passava deitada aqueles momentos finais, antecedentes da parição.

À noite Ana Júlia e eu dormimos de “conchinha”; sob o edredom volumoso, nossos corpos nus repousaram saciados.

Agora ali na varanda, diante do brilho nos olhos verdes da Ana Júlia, do tom claro da sua pele e da alegria na sua voz, harmonizados com os sons da natureza, vi-me inspirado a dar-lhe um anel significante do meu desejo de noivado.

A satisfação de Ana Júlia, impressa naquele rosto lindo e seu sim tímido, estimularam-me a propor um brinde saudando a união.

Unidos erguemos as taças da vitória. Era o sucesso do nosso amor.



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