segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Vesúvio



               E lá se foi o mulo velho meter-se com o capim novo.
       Dizem que a história começou quando o muar, que trabalhava feito ninguém, durante algumas pausas, naquele seu afã diário do inferno, divisou o pitéu que ia e vinha, “dando sopa”.
       Deixava momentaneamente suas atividades e notava o orelhudo, que havia certo interesse da prenda, por aqueles seus cabelos curtos marrons, permeados de brancos e vermelhos, ressaltados pelo andar firme de cavalgadura antiga.
       - Olha não te mete com essa vegetação, pois já tens arreios e uma carroça enorme pra puxar. – diziam alguns amigos mais chegados ao quadrúpede.
       Mas o mulo teimava. Ele queria porque queria chegar mais perto do verdor daquela criatura exuberante. E não haveriam portões ou portas de aço que o impediriam de conhecer o sabor, possivelmente proporcionável, da criação. Ora veja.
       - Cuidado que isso é um Vesúvio, um vulcão que arrasa tudo, expele lava calcinante e cinzas. Te cuida malandro. – Insistiam as boas almas, tomadas pela consciência de que aquela patuscada, não ia mesmo prestar.
       Mas que nada; partiu a besta, envolvendo-se com as delícias da dezena de momentos prazerosos furtivos.
       O auê que se seguiu, meu amigo, nem te conto. Mais do que erupção vulcânica, ou incêndios provocados pela incandescência das lavas, houve terremotos que assim, de primeira, abalaram as portas, os portões e as estruturas do que já estava, há muito, consolidado.
       Sobrou até pros vizinhos. Quem não tinha nada a ver com a quizumba, viu-se envolvido e instado a tomar partido.
       Os que apoiavam a besta cavalar reuniam argumentos e “botavam pilha”, pra que ela não deixasse de saborear a dádiva.
       Entretanto os que condenavam as atitudes impulsivas do animal, a grande maioria, lamentou profundamente a ausência de autocontrole do cabeçudo.  
       Afinal, não tinha mesmo direito, o mulo assanhado, de meter-se com algo que não lhe dizia respeito.
       Mas as consequências ficaram. Dizem que até hoje os clamores da aventura crepitam na vizinhança.
       A propósito, veja no vídeo abaixo, o vulcão Etna em atividade.

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